Os motivos mais comuns para a dor na região lombar são tensão proveniente de atividades que requerem força física e o carregamento inadequado da mochila nas costas com peso demasiado.
O peso da mochila não deve ultrapassar 10% do peso da criança. Para uma criança de 30 kg, por exemplo, a mochila deve pesar 3 kg, no máximo.
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“Normalmente, a criança projeta o tronco para frente, com isso os músculos das costas passam a trabalhar em excesso para suportar o peso da bolsa e, dessa forma, essa sobrecarga provoca uma fadiga dos músculos lombares acarretando em dores na região”,
Quando usadas nas costas, como comprimento ideal a parte superior não deve ultrapassar a altura dos ombros e a parte inferior chegar no máximo a 8 cm acima da cintura e não ultrapassar a largura do tronco. Não devem ter muitos compartimentos externos acessórios, pois isso aumenta a quantidade de material carregado e consequentemente o peso. Devem possuir duas alças superiores para distribuir melhor o peso.  As alças devem ser largas, duplas e acolchoadas, daquele tipo anti-choque siliconadas, tendo uma cinta abdominal para manter o peso mais próximo do corpo e impedir oscilações. O peso da mochila vazia não deve ultrapassar um quilograma.  O material deve ser disposto nesta mochila sempre preso e os mais pesados no fundo e mais próximos ao corpo. O material solto na mochila provoca aumento do esforço e sobrecarga nas costas. As alças devem estar ajustadas e firmes, pois alças alongadas e frouxas provocam deslocamento do pescoço para frente, facilitando ocorrência de dor.
O peso máximo varia conforme os pesquisadores entre 7% e 20% do peso corporal, havendo um consenso maior para peso inferior a 10%. A Organização Mundial da Saúde sugere o máximo de 7% do peso da criança. Apesar disso, os trabalhos ainda são insuficientes e com amostras pequenas para estipularem os índices mais seguros.
Na verdade, existem muitas variáveis interpostas para se determinar o peso máximo, como distância percorrida, desenho da mochila, condicionamento físico da criança e sua maturidade esquelética. Um trabalho desenvolvido nos EUA, chamado Plano de Seleção Preventiva, usa a escala de dor de Borg da seguinte maneira: as crianças são submetidas a mochilas pré-pesadas a partir de 1 quilograma, aumentado-se de meio em meio quilograma. A primeira mochila que machucar, será a referência de peso da mochila ideal pra aquela criança. Retira-se então meio quilograma desta mochila referência encontrando-se o peso mais adequado.
As mochilas de alça única estão contraindicadas, apesar de manterem o peso junto ao corpo e poder trocar o lado para aliviar o desconforto.            Trabalhos científicos identificaram que um dos fatores que mais contribuem na produção de dor está no ato de colocar e retirar ou suspender a mochila. É preciso treinar uma técnica correta para estas manobras. Para suspender a mochila do chão, devem-se usar os dois braços e flexionar os joelhos, evitando inclinar o tronco, exatamente como se faz para elevar qualquer objeto pesado. Agora apóia-se a mochila em um dos quadris, deve-se então vestir primeiro uma alça até o ombro e a seguir passar o outro braço pela outra alça.
O aumento do peso produz modificação na postura para manter o equilíbrio, alterando a marcha.  Apesar da resposta não ser necessariamente linear e proporcional ao aumento do peso e da inconsistência dos trabalhos, pode-se concluir que a alteração de postura é mais importante que as da marcha, para crianças normais.
Supõe-se que a fadiga muscular seja o maior contribuinte para a dor, apesar de não existirem ainda pesquisas com eletromiografia, onde se poderia quantificar o grau de comprometimento muscular.
Alguns centros de pesquisa trabalham no sentido de classificar esse tipo de dor como lesão por “overuse”, isto é, uso excessivo do aparelho muscular e ligamentar, pois a criança que ainda tem muita cartilagem no esqueleto é mais suscetível à lesão. As crianças já possuem um encurtamento fisiológico, pois os músculos não conseguem acompanhar a velocidade de crescimento dos ossos, podendo isso piorar e produzir deformidades compressivas. Já se catalogou aumento de tensão, cefaléia, contraturas, dormências e paralisia do mochileiro, que é uma paralisia dos músculos inervados pelo nervo supraescapular e axilar com parestesias no território das raízes cervicais de número 5 e 6.
Finalmente, para resumir, é importante considerar na prevenção de dores por uso de mochilas não apenas o seu peso, mas inúmeros outros fatores como: o condicionamento físico da criança, tempo e forma de uso da mochila, tipo da mochila, taxa de crescimento e maturidade esquelética da criança, velocidade de deslocamento com a mochila e fatores individuais ou genéticos da criança.
 
 

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